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domingo, 25 de outubro de 2009

Sinais e símbolos na Educação Infantil

Fundamentais no dia a dia, os sinais visuais são uma ótima ferramenta para trabalhar a função dos símbolos e seus conteúdos

Foto: Tatiana Reis
SÍMBOLO, COR, FORMA Na escola Bola de Neve, os pequenos examinam os elementos das placas para compreendê-las. Fotos: Tatiana Reis
As crianças têm contato com placas o tempo inteiro. No caminho para a escola, são dezenas delas indicando a velocidade, o trajeto a ser feito e os locais onde o carro pode ou não pode parar. Dentro da escola, lá estão elas novamente, mostrando qual é o banheiro dos meninos e qual é o das meninas, para que lado correr em caso de emergência e muito mais. Assim ocorre em várias outras situações: no cotidiano, sinais visuais e símbolos gráficos são importantes instrumentos para exprimir, por meio de imagens facilmente identificáveis, permissões, proibições, cuidados, alertas, conceitos e ideias. Dominar a leitura desse tipo de mensagem é essencial para viver melhor em sociedade.
O assunto pode render excelentes trabalhos na Educação Infantil. "Para a criança, aprender a ler e interpretar placas é fundamental para se relacionar com o mundo. Se quero ir ao banheiro, por exemplo, e sei que aquele símbolo diz respeito a pessoas do mesmo sexo que eu, vou sem medo de errar", explica Karina Rizek, coordenadora de projetos da Escola de Educadores, de São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

Para encaminhar os pequenos nessa tarefa, é preciso ensiná-los a reconhecer os símbolos presentes nas situações cotidianas e associá-los ao que eles representam. Um aspecto que não se pode esquecer é que as placas não trazem desenhos comuns, como as ilustrações de cartazes (leia o quadro abaixo), mas pictogramas - imagens figurativas que funcionam como um signo relacionado à língua escrita. Em outras palavras, são desenhos que "falam" por si, que comunicam uma mensagem, ainda que para isso não utilizem nenhum elemento da linguagem escrita.
A confusão dos cartazes e do trânsito
Na Educação Infantil, o trabalho com as placas de sinalização não pode ser misturado com as atividades realizadas com ilustrações e imagens de cartazes. Nesse gênero textual - sim, cartazes são um gênero de texto específico -, as ilustrações complementam a mensagem escrita, mas dificilmente querem dizer algo por si só. "Nos cartazes, os desenhos são ilustrativos e ajudam a compor o sentido do texto e a criança não necessita ler a imagem simplesmente, mas entender o seu contexto e a relação com a palavra escrita - um procedimento que pode ajudar muito na alfabetização inicial", explica Silvana Augusto, formadora do Instituto Avisa Lá e professora do Instituto Superior de Ensino Vera Cruz, ambos em São Paulo. "Já as placas apresentam desenhos generalizáveis, compreendidos sem a ajuda de um texto específico."

Outra confusão comum é achar que o foco desse tipo de atividade são as leis de trânsito. Embora as placas sejam usadas para ordenar o fluxo de veículos, seu uso não se reduz a essa situação. "A ideia é que as crianças sejam capazes de ler as imagens, compreendendo que símbolos também podem dizer muita coisa. O professor não pode perder esse norte de vista", ressalta Silvana.
Classificar as placas com base nos elementos para entendê-las 
Foto: Tatiana Reis
ALÉM DO TRÂNSITO Ao investigar o entorno, as crianças percebem que os sinais estão por toda parte
Tendo em mente esse esclarecimento, você pode se dedicar a preparar a pauta de investigacão para os pequenos. Em linhas gerais, eles devem investigar as características dos três elementos que formam uma placa: o símbolo, a cor e a forma. Quanto aos símbolos, é possível propor que as crianças observem como eles são simples no formato e como a interpretação do que querem dizer precisa ser rápida, deixando pouca margem para dúvidas. "Já em relação à forma e à cor, as crianças devem tentar encontrar os pontos em comum entre as placas e entender que elas indicam funções e possuem significados próprios", conta Karina.

Para isso, a atividade mais recomendada é propor que a turma separe e categorize as placas de acordo com essas duas variáveis (leia o projeto didático). As placas vermelhas e de forma arredondada, por exemplo, regulamentam o trânsito e em outras situações informam o que pode ou não ser feito. Se levarem uma faixa diagonal vermelha, indicam que algo é proibido. Sem ela, que é preciso ou possível fazer o que o desenho indica. Já as placas amarelas e quadradas costumam ser de advertência, como as que são colocadas na frente das escolas indicando que aquela é uma área escolar. Placas azuis e quadradas, por sua vez, dizem respeito a serviços - como as localizadas na estrada que informam sobre postos de gasolina ou as que indicam o caminho para o banheiro em alguns shoppings e restaurantes. O ideal é que você, inicialmente, levante quais placas as crianças conhecem. Uma volta pela escola ou pelo bairro com o objetivo de registrar as conhecidas pode servir de pontapé inicial - e, de quebra, mostrar que elas estão presentes numa grande variedade de atividades.

Foi o que aconteceu na turma de 5 anos da Escola de Educação Infantil Bola de Neve, em São Paulo. Depois de ouvir o que os pequenos imaginavam sobre o significado das placas encontradas no entorno, a professora Ana Alessandra Rea incentivou a classe a verificar se as hipóteses estavam corretas ou não. Usando um jogo com vários desenhos, Ana Alessandra pediu que a turma os agrupasse de acordo com a cor e a forma. Após estudarem as regularidades e as funções dos sinais, foi a hora de ampliar o repertório visual. "A professora levou para a sala folhas com diversos exemplos de sinalização de perigo e de serviços, aumentando o conhecimento das crianças sobre o tema", conta Theodora Maria Mendes de Almeida, coordenadora pedagógica da escola.

Conhecendo as regularidades, a turma começa a produzir 
Foto: Tatiana Reis
CRIAÇÃO DE PLACAS Depois de ampliar o repertório, a turma já tem elementos para construir seus sinais
Para terminar, vale propor um desafio: produzir placas de sinalização para a própria escola. Na Bola de Neve, as crianças levantaram com os professores e funcionários tudo o que era preciso comunicar e que ainda não estava sinalizado. Em seguida, voltaram à sala e, munidos de papel, pincel e tinta, começaram a criação de sinais. Surgiram invenções como "proibido correr quando o piso estiver molhado", representado por uma criança andando com uma poça de água à frente, emoldurada em bordas vermelhas e com uma faixa na diagonal. Outra sinalização era uma placa de alerta amarela e quadrada, que avisava sobre o risco de queda nos degraus da escola. Provas de que os pequenos entenderam a função das placas na sociedade.

Quer saber mais?
CONTATOS
Escola de Educação Infantil Bola de Neve, R. Ibsen da Costa Manso, 141, 01440-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3081-2915
Karina Rizek
Silvana Augusto 

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"Estar atento significa estar disponível ao espanto. Sem espanto não há ciência, não há criação artística. O espanto é um momento do processo de pesquisa, de busca. Essa postura de abertura ao espanto é uma exigência fundamental ao educador e à educadora. [...] O espanto não é o medo que ele tem nem é coisa de ignorante. O espanto revela a busca do saber."(Paulo Freire)

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